segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Perfil "sala e quarto" recobra reputação que havia perdido

JOÃO CRESTANA



ESPECIAL PARA A FOLHA




O aumento das vendas de imóveis de um dormitório decorre, em grande parte, do "bônus demográfico" brasileiro, em que o número de pessoas ativas entre 20 e 50 anos supera a soma de crianças e aposentados.

Com a mobilização econômica de 40 milhões de cidadãos e as melhorias das condições de crédito, há uma demanda imobiliária inédita.

Consumidores "antenados" e contestadores analisam os investimentos, comparam preços e usam as redes sociais para trocar informações.

Solteiros ou casais sem filhos devotam-se à carreira e formação profissional. O interesse vai de estúdios compactos e sem divisórias, com 35 m² e sem vaga de garagem, perpassam os "sala e quarto" e se alçam aos sofisticados lofts de 100 m² e duas vagas.

Uns exigem preços acessíveis e dispensam equipamentos comunitários.

Outros procuram condomínios adjacentes ao metrô e corredor de ônibus e valorizam funcionalidades como lavanderia coletiva.

Nas regiões periféricas, há procura por unidades menores e disponíveis por cerca de R$ 100 mil. Em regiões mais centrais, há aquelas de R$ 250 mil e dependendo da localização e dos atributos, ultrapassam R$ 1 milhão.

Sucesso nos anos 60 e 70, a locação de quitinetes complementava a aposentadoria de seus proprietários. Porém, o protecionismo danoso da lei do inquilinato vigente à época permitiu que inquilinos de má-fé deixassem de pagar o aluguel, danificando imóveis e se recusando a sair.

Com isso, essas unidades perderam reputação. Agora, imóveis de um dormitório recuperam importância e incentivam a volta da locação como investimento. As modernidades legais e a demanda permitem esse progresso.



JOÃO CRESTANA, 56, é presidente do Secovi-SP (Sindicato da Habitação)





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